terça-feira, 17 de março de 2009

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O Marketing Político na internet

Sérgio de Freitas

O Brasil é o país recordista em tempo de navegação na internet por usuário. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope / NetRatings, em maio de 2008 a média foi de 24 horas e 54 minutos, das quais cinco horas foram utilizadas por 18,5 milhões de pessoas para o acesso a sites de relacionamentos. Apesar de os dados mostrarem o papel fundamental que a rede internacional de computadores pode desempenhar no cotidiano do brasileiro, pouco se explora de toda sua potencialidade. E um dos pontos mais discutidos atualmente é a da utilização da internet para a promoção de candidatos eleitos ou em processo de eleição.
Em 2003, durante a campanha de Luis Inácio Lula da Silva para o primeiro mandato da presidência da República, uma página foi aberta na rede para promover um canal de comunicação, teoricamente mais dinâmico, entre os eleitores e o candidato. Porém, poucas ferramentas foram utilizadas para se explorar esta comunicação. Os únicos recursos disponíveis era o acesso a uma curta apresentação do plano de governo e um endereço de e-mail para se enviar dúvidas e sugestões. O mesmo estilo de página se repetia no site do candidato adversário, Geraldo Alckmin. De lá para cá, muitos cientistas políticos e estudiosos da comunicação passaram a analisar a relação do político brasileiro com a internet, principalmente no que diz respeito ao marketing individual, onde o político se apresenta como um representante solitário quase que sem a presença de seu partido em aparições públicas, e suas deficiências.
Em um estudo recente, “Internet, Espaço Público e Marketing” escrito por Bernardo Sorj, sociólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o autor nos diz que há certa dificuldade entre os políticos do Brasil em lidar com críticas e difamações, ainda mais se estas forem anônimas. E é justamente a falta de regulamentação da internet que permite uma maior incidência deste tipo de manifestação. Mas esta dificuldade só se faz presente durante os períodos eleitorais e o mandato. Quando o assunto atinge o campo da defesa, a situação muda de figura.
Crescem números de blogs - Entre o ano de 2005 e 2007, época em que estouraram grandes escândalos e houve a abertura de inúmeras CPI’s, como a dos correios e a do apagão aéreo, grandes nomes da política nacional acusados de participarem de esquemas de corrupção se utilizaram da internet para realizarem suas respostas em prol de sua inocência. Exemplo que se mantém vivo até hoje é o blog do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, criado para responder a perguntas feitas por eleitores que acompanham sua carreira política e sentiram-se traídos ao saberem de seu envolvimento em transações ilícitas no governo. Nesse tipo de página são realizados debates acalorados, que faltam nos sites de candidatos em período eleitoral.
A população, sentindo falta desse maior contato com seus eleitos, responde de diversas maneiras. A mais popular causa polêmicas que, vez por outra, tomam conta das capas de jornais e revistas. O número de comunidades a favor ou contra os políticos no site de relacionamentos ORKUT só faz crescer. Até dezembro do ano passado, 1.780 foram abertas em referência aos parlamentares federais.
Quando parte das pessoas politicamente instruídas é questionada sobre a forma como os políticos brasileiros deveriam fazer uso da internet, o exemplo de resposta mais comum é a da eleição do atual presidente norte-americano, Barack Obama, que se utilizou da rede mundial constantemente para atingir um número maior de eleitores esclarecendo seus planos e promessas. Em entrevista a revista Rolling Stone em setembro de 2008, Obama declarou: “Com a internet, os jovens podem estar continuamente informados. Essa ferramenta dá a eles a oportunidade de falarem com os outros e de se mobilizarem – e de me cobrarem também, caso eu não esteja cumprindo as promessas que fiz”.